Tenho estranhado minha falta de desespero, minha calma em ver o ar parado. Tenho estranhado minha paciência, minha quietude e a falta de medo.
Talvez seja a tal da idade, o amadurecimento , tudo aquilo que todos dizem. Talvez seja o cansaço de quem correu demais pra chegar até aqui. Hoje, só consigo caminhar.
Não tenho certeza, mas a verdade é que achei meu próprio ritmo, um lugar sem pressão, sem pressa. Um cantinho onde minha ansiedade não entra.
Há um tempo não me dedico a um livro, alguns meses acho, não sei, não contei, simplesmente me afastei por necessidade.
Já aconteceu antes, a diferença é que, no passado, sofri. Temi não voltar, temi ser esquecida – ora, que arrogância, quem não será.
Dessa vez não, tem sido um distanciamento saudável, amigo. Aquele tipo de separação que conhece o dia do reencontro.
Eu sei que a escrita é quase um anjo que não me deixa, espera. Sei que o mercado editorial e o país nunca definiram o que escrevo, nem os motivos. Minha vocação transpõe tudo isso. Existiu e resiste além de qualquer fator externo.
No momento, estou meio ausente de mim, das coisas que me provocam, a realidade tem cobrado demais minha presença. Mas eu volto, viu? Nao há outra opção, preciso voltar. Não consigo viver muito tempo fora de mim. Eu volto.
Me espera?